Restabelecer o equilíbrio da população de corvos nos ecossistemas do Quénia

A palavra “invasora” tem sido frequentemente utilizada para designar espécies que não se encontram no seu ambiente nativo. São frequentemente introduzidas em novos habitats através de actividades humanas, intencionais ou não.

Na década de 1890, a Gralha-indiana Corvus splendens foi introduzida em Zanzibar para controlar o lixo. A solução depressa se tornou num problema, pois a população aumentou rapidamente ao longo de 15 anos, tornando-se numa espécie invasora e espalhando-se ao longo da costa da África Oriental.

Eric Kinoti, de A Rocha Quénia, observa que a introdução de uma espécie invasora perturba e desestabiliza os ecossistemas ao causar competição entre espécies. A população de Gralha-indiana cresceu para mais de 700.000 aves ao longo da costa do Quénia, o que afetou grandemente o turismo, já que as aves invadem hotéis, destroem colheitas e colocam pressão sobre o ecossistema marinho, alimentando-se da vida marinha. As gralhas não têm culpa de existirem, mas a intervenção humana criou um problema.

A Rocha Quénia, em parceria com o Serviço de Vida Selvagem do Quénia, decidiu restabelecer o equilíbrio do ecossistema, fazendo uma primeira tentativa de controlar a população utilizando um veneno chamado starlicida. As gralhas são criaturas muito inteligentes, com um raciocínio ao nível de um ser humano de sete anos e com a capacidade de se adaptarem rapidamente a quaisquer armadilhas montadas para os apanhar. O starlicida é o veneno preferido porque se decompõe rapidamente no corpo da gralha e não causa envenenamento secundário a outros animais que entrem em contacto com ele. Não é uma decisão fácil, mas “o objetivo é controlar a população num ano, antes de ultrapassarem a marca de um milhão de indivíduos”, explicou Eric.

Em julho deste ano, A Rocha Quénia recebeu o primeiro lote de starlicida, na esperança de que este reduza significativamente o número de corvos, sem afetar outras espécies. Até agora, os resultados são prometedores e diz-se que o starlicida tem uma taxa de sucesso de 80% em quatro meses.