Ōi contra ventos e marés

Foi com alegria que, no final de 2022, A Rocha Aotearoa Nova Zelândia viu 12 crias de Ōi, ou petrel-de-cara-cinzenta, saírem dos seus ninhos em Karioi!

Historicamente, milhares de aves marinhas afluíam às praias, florestas costeiras, e às encostas do Monte Karioi para criar os seus filhotes, mas agora só resta um pequeno remanescente. Quando A Rocha se juntou pela primeira vez ao projeto de restauração comunitária na montanha em parceria com a comunidade de Whāingaroa, encontraram apenas uma dúzia ou mais de tocas de Ōi, com cascas de ovos partidas ou crias mortas. Todos os anos, os casais adultos regressavam a Karioi para procriar, apenas para encontrar as suas tocas devassadas por espécies invasoras e trem que competir pelo habitat. Cada par reprodutor faz uma postura de um único ovo no inverno, que é incubado durante cerca de 55 dias até à eclosão, mas só no verão é que as crias de Ōi saem do ninho. Este tempo alargado torna os ovos e as crias de Ōi muito vulneráveis a predadores como ratazanas, furões, arminhos, gambás e gatos assilvestrados.

Para melhorar as probabilidades de reprodução destas aves, A Rocha iniciou um programa intensivo de longo prazo de controlo de predadores ao longo da costa de Whāingaroa e especificamente em Karioi. Também monitorizam as tocas de Ōi durante a época de reprodução, quando os casais adultos regressam para pôr um único ovo. A procura de tocas pode ser como procurar uma agulha num palheiro, por isso Miro, o cão especialmente treinado para detetar aves marinhas, ajuda a localizar tocas novas e em uso. Cada semana, uma equipa dedicada de “amigos da toca” visita as tocas para avaliar a atividade e responder a ameaças de predadores. Além disso, todos os anos A Rocha instala câmaras de vigilância perto das tocas, que possibilitam uma visão próxima das atividades diárias (e noturnas) dos Ōi.

 

Durante a época de reprodução de 2022, a equipa de Karioi monitorizou 63 tocas. Infelizmente, algumas crias de Ōi foram perdidos devido a incursões de arminhos, mas mesmo assim esta foi a época de reprodução mais bem sucedida! Com 12 aves fora do ninho por altura do Natal, a época marcou um recorde desde as primeiras sete crias em 2017.

Graças à monitorização a longo prazo e ao controlo intensivo dos predadores, 47 juvenis de Ōi foram criados em Karioi nos últimos seis anos! Este resultado é um testemunho para uma comunidade que se uniu e fez uma verdadeira diferença para uma espécie de ave vulnerável e um ecossistema ameaçado.

Clique aqui para ver imagens espantosas das câmaras de vigilância mostrando juvenis de Ōi a abrirem as asas e a prepararem-se para se lançarem à vida no mar. Estas aves regressarão à mesma costa dentro de cinco ou seis anos para criarem os seus próprios pintos.